I. O chamado

Dardos ofuscantes de luz reluziam da superfície da urna sagrada de Pégaso... ereta, imponente e majestosa, ela jazia ao lado de seu usuário profundamente adormecido; que a tinha como apoio para suas costas, tão cansadas quanto qualquer outra parte de seu corpo, vítimas de seus incessantes, rigorosos, e diários treinamentos.


Sequer foram as preocupantes palavras de Anfiarau, ressoando pelas paredes do santuário, que despertaram o rapaz, mas sim, aqueles mesmos raios singelos de calor, como se fosse vontade da própria vestimenta refleti-los sobre seu merecido sono: era a cosmo energia de sua constelação, e não o porta-voz da deusa, que informara Belerofonte do pedido de socorro de Athena.


Era chegada a hora, percebeu ao subir as escadas do templo, de finalmente retribuir a deusa cuja misericórdia poupara-lhe a vida.

— Nada além de minha vida poderia ser oferenda suficiente em batalha para honrá-la, Athena. Sou Belerofonte, de Pégaso, e seu pedido é uma ordem.

Após seu pronunciamento, Anfiarau pôs-se novamente junto da deusa Athena em seu salão enquanto aguardavam àqueles que se disporiam a investigar o Cabo Sunion e verificar se aqueles que ali ainda se encontravam estavam leais à deusa.
-Minha deusa, o pronunciamento fora feito, resta nos apenas aguardar aqueles que possuírem condições e coragem para a missão no Sunion – as breves palavras de Anfiarau ecoavam no silencioso salão de Athena, até que o embatuco fora quebrado pelo ranger das pesadas portas e a escuridão rompida pelo feixe que luz que invadia a sala até então iluminada pelas numerosas tochas. Era Mardico, o cavaleiro de bronze de Andrômeda que se apresentava em primeiro. Logo o cavaleiro se apresentou dispondo-se a participar da empreitada, enquanto logo atrás chegada também o cavaleiro de bronze de Pégaso, Belerofonte, também devotando seus esforços à deusa.
Nesse momento, Athena que repousava sentado ao seu trono abriu um sorriso forçado cerrando seus olhos ao ver seus dois cavaleiros se apresentarem, e disse – Meus jovens cavaleiros, sinto meu peito dividido entre alegria e tristeza ao vê-los. Alegra-me que ainda existam cavaleiros de pé ainda capazes de lutar, no entanto, pesa saber que estou enviando-os a um caminho tortuoso de onde poucos estão voltando. Mas infelizmente é algo preciso, se quisermos manter a Terra como um local de paz e justiça, pois sabemos os planos de Poseidon -. Anfiarau mantinha-se ao lado de Athena quieto, com o rosto fechado tentando ao máximo disfarçar sua preocupação com esta Guerra Santa, e assim que Athena deixou de falar, o Grande mestre deu alguns passos à frente se aproximando da grande pira no meio do salão e começou a discursas com sua voz rouca.
-Jovens, a missão que vos requisito é de extrema importância...- até que foi interrompido pela porta que novamente se abria atrás dos dois cavaleiros de bronze. Inicialmente a figura que adentrava no salão de Athena era irreconhecível pela quantidade de luz que vinha de fora para dentro. Apenas a silhueta de um homem de média estatura e muito forte era possível de ser vista com clareza, e conforme foi se aproximando da fonte de luz do fogo que ardia entre a deusa e os cavaleiros que fora possível reconhece-lo. Era Keto de Baleia, um cavaleiro de prata conhecido por ter sobrevivido a um ataque de um General Marina. Então, o cavaleiro de prata disse – Desculpe-me pela interrupção, ó Grande Mestre – enquanto se ajoelhava ao lado dos outros dois cavaleiros – Keto de Baleia a seu dispor para acabar com aqueles malditos Marinas.
-Muito bem, fico feliz em ver que se recuperou de sua última batalha e já esteja disposto a enfrenta-los novamente. Pois, bem, como estava dizendo, a missão que requisitar-vos-ei é de extrema importância. Como sabem, ao sul da Grécia há um vilarejo portuário chamado Cabo Sunion que até onde sabemos sempre se mantiveram fieis a nossa deusa Athena embora também louvassem Poseidon, além disto, é um ponto estratégico para o exército de Athena por estar próximo ao reino do Imperador dos Mares, Poseidon. Por isso, estou convocando-os para irem até o Cabo Sunion e verificarem qual o estado da cidade. Mas, no entanto, não sei se seria uma boa ideia que você participasse Keto, você presenciou o poder de um General Marina e não sei se já está completamente recuperado, além do sentimento de vingança que pode estar crescendo dentro de você por terem arrancado seu olho, isto pode atrapalhar a missão – disse Anfiarau.
Com um olhar de espanto, Keto de Baleia levantou-se indignado com a possibilidade de não poder participar da missão e perder qualquer chance de vingar-se de seus inimigos - Deixe-me mostrar que estou em ótimas condições e que meus sentimentos são apenas para com a deusa Athena, deixe-me lutar contra estes dois pivetes, desse modo também irei provar se os dois possuem capacidade de me acompanharem, ou se serão apenas presas fáceis para o exército de Poseidon! – disse Keto desesperado. Anfiarau ao ouvir suas palavras deu um breve sorriso pela excitação do cavaleiro de prata e disse – Tudo bem, como são proibidas lutas entre cavaleiros, pensemos isto como um treinamento. Porém, é claro, somente se ambos aceitarem.

Ostentando, através de inquebrantável reverência, nada além de respeito máximo e absoluto, não ousou o cavaleiro de Pégaso romper a estoicidade de sua postura, nem com o surgimento escandaloso do guerreiro de prata.

Não... curvado perpetuamente em direção de Athena, como uma flor dedicada exclusivamente ao sol, o cavaleiro provava sua lealdade cega demonstrando que nada mais no mundo importava-lhe, além de sua presença divina.

A deusa havia mencionado como a presença daqueles homens ali trazia-lhe, simultaneamente, alegria e suplício... similar contradição, Belerofonte sentia, pulsando sutil no cosmo do cavaleiro que tão corajosamente bradava desafios: sua devoção a deusa mesclava-se com uma sede de sangue e de vingança que eram incompatíveis com a graça amorosa da senhora do santuário.

Se assim é a vontade de Athena, lutarei — disse, enfim rompendo sua saudação e erguendo-se, os punhos cerrados, e seu cosmo pronto para queimar.

Anfiarau pareceu se alegrar com a chama que os cavaleiros ardiam, apenas o sentimento de esperança lhe enchia o coração, mas teve de conter sua empolgação antes que os três destruíssem todo o salão da deusa Athena com suas paixões – Por favor, garotos, que isso seja feito na área de treinamento, em seu local apropriado, não nos deixemos levar por nossas ansiedade, quem sabe os outros aspirantes e cavaleiros também se sintam inspirados a participar desta empreitada por nossa deusa – dizendo isto, Anfiarau chacoalhou as mãos como em um gesto enxotando os cavaleiros e arrumou sua túnica que escorregava-lhe o ombro.
Keto rapidamente abaixou sua cabeça em forma de respeito e reverenciando as palavras do Grande Mestre, sem dizer uma palavra, virou-se contra a porta e começou a caminhar em direção a saída. Ao abrir as longas portas de aço que resguardavam a escuridão do recinto, o cavaleiro de baleia apenas olhou sobre os ombros e disse – Espero-os lá embaixo onde a areia da arena será a principal testemunha de sua vergonha. Deste modo, partiu de encontro à área de treinamento dos cavaleiros, percorrendo longo percurso das escadarias das doze casas para demonstrar sua força e não deixar que nenhum outro cavaleiro atrapalhasse sua vingança.
Ao chegar no local, Keto tomou sua guarda de batalha, e como meteoros brilhantes as peças de sua armadura começaram a cobrir seu corpo, demonstrando a afinidade da perseverança de um cavaleiro junto de sua constelação. Em sua instância permaneceu, até a chegada dos demais cavaleiros.

Assim que os outros cavaleiros chegaram à arena, Keto já estava aguardando-os com uma disciplina jamais vista. Apenas no momento de avaliar os cavaleiros de Andrômeda e Pégaso, o cavaleiro de prata lançou-se para cima deles, como Andrômeda por ter chegado primeiro, isso acabou instigando-o, deferindo seu primeiro golpe contra Mardico lançando um poderoso soco contra o oponente.

Após Keto ter aberto completamente sua guarda, Belerofonte atingi o cavaleiro de prata com seu poderoso Cometa de Pégaso, punindo o ansioso guerreiro que, embora sua desatenção ainda quase consegue defender-se. Mesmo com sua destreza Keto foi atingindo, sendo lançado longe ao chão após a técnica.

Ao receber o soco, cambaleou para trás e equilibrou-se em seguida, mantendo sua posição. A força daquele homem era de fato incrível, não podia deixá-lo à vontade nesse combate. Expandiu seu cosmo em forma de um vendaval, que logo começaria a girar em volta do adversário. Estendeu sua mão esquerda, a mesma que carregava a corrente circular, e em um gesto leve, ergueu o braço enquanto cerrava o punho.

- NEBULA CHAIN

Código:

Corrente Nebulosa: O cavaleiro libera correntes de ar de seu corpo que paralisam o inimigo.PT